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foto do mercado de macau com pessoas usando máscara, ilustrando pandemia de coronavírus e seus efeito no mercado

Coronavírus e o impacto macroeconômico: como a pandemia afeta os negócios?

Pandemias com doenças recém-descobertas geram medo, pânico e interferem no comportamento dos indivíduos que são agentes econômicos. Os efeitos do Coronavírus têm sido visíveis não só no Brasil, mas em todo mundo.  

Ao longo da história, foram vários os surtos que levaram a grandes tragédias como a Peste Negra, o surto de cólera, varíola, gripe espanhola, sarampo e até mesmo a H1N1 (mais recente no imaginário de todos nós) dentre outras que trouxeram inúmeras consequências.  

Positivas ou negativas, o mercado está relacionado com as expectativas dos indivíduos e, em economia – assim como em outros âmbitos –, o que fica é o sentimento de antecipação de um acontecimento futuro, que os agentes econômicos se anteveem para aproveitar as melhores oportunidades ou mitigar em situações de risco. 

Nesse artigo, falo um pouco sobre o impacto do Coronavírus em cada âmbito do mercado. Com esse panorama, espero que você possa se planejar melhor sobre suas oportunidades e seus desafios! 

O efeito da pandemia nas exportações 

O vírus já chegou em todos os continentes e gerou preocupação na cadeia global de suprimentos – Supply Chain–, visto que alguns países fecharam as fronteiras, dentre outras medidas drásticas para conter a propagação do vírus.  

De acordo com a Organização Mundial do Comércio – OMC – a China é a maior exportadora do mundo e o maior parceiro comercial do Brasil.  O comércio exterior também teve impacto, nas exportações brasileiras e nas importações da China.  

Menos navios que saem da China, embarques atrasados, atrasos na produção, e o efeito chega nas indústrias brasileiras que dependem dos insumos do país do oriente. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, 70% das empresas importadoras da China lidam com a falta de componentes para a fabricação dos produtos. Além de produtos eletrônicos, a China é grande importadora de commodities brasileiras.  

A reação do Mercado Financeiro 

Desde a classificação da Organização Mundial da Saúde como Pandemia, o mercado financeiro reagiu negativamente no início do mês em razão do pessimismo gerado pela pandemia do COVID-19.  

O índice Ibovespa, que mede o desempenho do mercado de ações do Brasil, caiu abruptamente e gerou o chamado Circuit Breaker.  

Mas o que é o Circuit Breaker 

Toda vez que o índice atinge uma oscilação negativa de 15%, as negociações são interrompidas para proteger a volatilidade atípica do mercado, sendo acionadas apenas em momentos inesperados.  

No mês de março, ocorreram 5 circuits breakers, mostrando o impacto da pandemia do COVID-19 na reação dos investidores, e a corrida pela venda dos papéis.   As empresas mais afetadas do Ibovespa, não coincidentemente, foram as companhias aéreas, que dissolveram seus papéis em poucos dias. Reação do mercado que se anteviu à redução dos voos, principalmente os voos internacionais, que estão sendo freados para conter o vírus. 

E como fica o PIB (Produto Interno Bruto)? 

As projeções do Produto Interno Bruto – que mede o nível de bens e serviços produzidos em um país – estão com estimativas mais baixas devido à contração de atividades econômicas.  

Analistas de mercado já previram redução nos PIBs da China, Estados Unidos e também do Brasil. Neste cenário caótico, pautado pelo medo e pelas incertezas, observa-se o impacto no lucro das empresas, a redução de produtos e serviços em todo mundo, que aumenta o risco de uma recessão global. 

E o dólar? 

O câmbio – assim como tudo na economia – é regido pela oferta e demanda. A alta da moeda americana em relação ao real disparou e se aproximou dos cinco reais neste mês pela influência do Coronavírus. Mas como?  

A percepção do risco interfere no câmbio: se a conjuntura é turbulenta e apresenta riscos, o dólar é visto como um investimento mais seguro, e por isso, a cotação sobe devido ao aumento da procura.  

Quando a taxa de juros brasileira (mais conhecida como SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia) está alta, é mais atrativo para os estrangeiros colocarem dinheiro no Brasil, e quando está baixa existe fuga de moeda estrangeira.  

Quanto menos dólares no Brasil, maior o valor comparado ao real. Quando o Brasil importa mais do que exporta, a oferta de dólares diminui e o preço da moeda aumenta.  

Mas quais os efeitos da alta do dólar comercial?  

Quando a moeda americana está valorizada, as importações ficam mais caras e os produtos brasileiros ficam mais competitivos no exterior. Isso pode gerar desequilíbrio na balança comercial, o que reflete no desempenho das indústrias nacionais e a geração de produto e renda. Tudo está interligado. 

Os impactos na Taxa de Juros 

O Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos – FED – optou por cortar a taxa de juros básica dos Estados Unidos para segurar os efeitos causados pelo Coronavírus.  

Na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, que define a taxa básica de juros da economia brasileira, a possibilidade é de seguirem a tendência norte americana no corte das taxas, visando conter as contrações econômicas.   

A Inflação está diretamente relacionada com a taxa de juros: com a política de redução das taxas de juros, mais dinheiro estará em circulação, e consequentemente o consumo é maior. A tendência é que os preços aumentem devido ao aumento da demanda. A inflação aumenta pelo excesso de demanda, dado o total de papel moeda em poder do público. 

Mas como fica o cenário de crédito? 

O Conselho Monetário Nacional – CMN – aprovou medidas para facilitar as operações de crédito e amortecer os impactos do coronavírus na economia brasileira.  

Entre as medidas a serem implementadas, inclui o aumento da capacidade do crédito em até R$637 bilhões de reais e facilitar a renegociação de dívidas em até R$3,2 trilhões empréstimos já concedidos, para pessoas físicas e jurídicas. Além da ampliação da folga de capital dos bancos para gerar maior número de empréstimos. 

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), apontou que os maiores bancos comerciais do país – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander – irão atender pedidos de prorrogação de vencimentos de dívidas, em 60 dias, dos vencimentos das dívidas para os contratos vigentes. Essa medida tem por objetivo amenizar os efeitos da pandemia no emprego e renda

Outra medida é a expansão da capacidade de utilização de capital bancário, para que haja aumento no fluxo da concessão de crédito, os chamados colchões de capital. Os colchões de capital são acionados em períodos de emergência, e amplia a capacidade de concessão de crédito dos bancos, reduzindo o recolhimento compulsório dos bancos para gerar maior liquidez. 

Além disso, o governo estuda mudanças no empréstimo consignado de aposentados e pensionistas do INSS, dado que grande parte pertence à zona de risco e são mais vulneráveis à pandemia.  

A medida estudada é a ampliação do prazo dos consignados, o aumento da margem consignada – parcela do salário que pode ser destinada ao desconto do empréstimo – estipulada de 30%, para evitar que o mesmo contraia empréstimo com juros maiores. Também será incluída na medida a redução do teto das taxas de juros para os beneficiários, que atualmente é de 2,08%. 

Em suma, as medidas de crédito beneficiam os adimplentes que desejam fazer novos contratos, e os aposentados e pensionistas com o incentivo de redução de juros e aumento da margem consignada.  A injeção monetária voltada ao crédito estimula o Produto Interno Bruto e tem efeito sob o consumo das famílias. 

O quanto isso me afeta? 

O avanço da doença traz instabilidade não só no âmbito social, mas também afeta a economia global. As turbulências, o cenário de incertezas, a alta volatilidade da conjuntura econômica mostram que tudo inicia-se com as expectativas negativas que levam resultados na oferta e demanda de juros, de suprimentos, de ações no mercado financeiro, no crédito, exportações e importações, na inflação, entre outros efeitos.  

Governos de vários países já utilizam medidas de contenção da crise em que as circunstancias e os dados mudam rapidamente.  A economia não é pautada apenas em números, mas em fatos sociais, políticos, e o principal: a expectativa dos agentes.  

Sobre a autora: 

Gabrielle Franciane Garcia é formada em Economia pela Universidade Estadual de Maringá e possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Atua como Analista Comercial do Consignet, no DB1 Group. 

Gabrielle Franciane Garcia é formada em Economia pela Universidade Estadual de Maringá e possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Atua como Analista Comercial do Consignet, no DB1 Group.

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